A Bela Apodrecida
Era uma vez um casal de laranjeiras que queria muito ter um filho e finalmente um dia foram prendados com uma lindíssima laranja. Ela era tão bonita que a batizaram de Bela e organizaram uma grande festa para celebrar o seu nascimento. Convidaram todo o reino incluindo as fadas Cenoura, Pêra e Ananás.
No meio das festividades apareceu de rompante numa nuvem negra a cruel Fada Malévola Beringela a fazer uma grande birra por não ter sido convidada para a festa.
Zangada, lançou contra a Bela um feitiço: quando chegassse aos 16 anos iria picar-se numa rosa e ficar durante 100 anos apodrecida!
As boas fadas Cenoura, Pêra e Ananás depressa levaram a Bela para um local seguro: um alto, fresco e alvo.... frigorífico. E lá ficou a Bela até aos seus 16 anos. E como nada aconteceu no seu aniversário as fadas acharam que o feitiço não tinha funcionado e então levaram-na de volta à árvore para celebrar. Não contavam que aparecesse na festa a Malévola Beringela com um perigoso sorriso nos lábios e uma rosa lindíssima na mão. A Bela não sabia quem ela era e antes que alguém pudesse avisá-la, pegou na rosa e claro, picou-se.
A Malévola Beringela achou que devia também apodrecer todo o reino e assim o fez. E lá ficaram, todos podres, durante quase cem anos.
Até que apareceu vindo da Madeira o galante Príncipe Banana. Atravessou toda aquela podridão e quando deparou com a Bela Apodrecida ficou maravilhado e tão encantado que se descascou e deu-lhe um beijo.
Nesse momento todo o reino desapodreceu e ficaram todos muito felizes e fizeram uma grande festa no frigorífico. Descascaram-se todos, fizeram-se em pedaços e juntaram-se para fazer uma bela salada de frutas! Mas como nenhuma refeição vive apenas da sobremesa cozinhou-se também uma saborosa beringela recheada com tomate, queijo e oregãos!
.........................
O Soldado e a Ervilha
Era uma vez um reino chamado Ervilholândia. Nesse reino vivia uma rapariga muito triste pois o seu noivo tinha ido para a guerra. Passaram-se dias e semanas e meses e anos até que um dia bateu à sua porta um soldado vestido de farrapos, com a barba comprida e desarrumada e o cabelo longo e muito sujo. Dizia que era o seu noivo, mas ela não o reconheceu.
Lembrou-se que o seu querido noivo era o único Ervilhense que não gostava de ervilhas e então preparou um teste: convidou ambas as famílias e fez três panelões de sopa verde: uma de espargos, outra de alho francês e um caldo verde. No caldo verde do soldado escondeu uma única ervilha.
O soldado comeu com gosto e para grande surpresa de todos, no final aproximou-se da rapariga brandindo a colher onde estava a ervilha e disse: "E agora, já acreditas que sou eu?"
Como já estavam todo reunidos celebraram ali mesmo o casamento e no final, em vez de atirar para cima dos noivos pétalas de rosa e arroz lançaram..... ervilhas!!!!!
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O Espadarte de
Hamelin (Gatafunho Loja de Livros - 29 de Junho de 2014)
Era uma vez uma
linda cidade submarina chamada Hamelin que era povoada por cidadãos
cavalos-marinhos.
Certo dia Hamelin
foi invadida por uma praga de peixe-aranha. Eram tantos, tantos que os cavalos-marinhos
não sabiam o que fazer, e o governador dragão-marinho esgotou todas as soluções
propostas pelos seus conselheiros para se livrar deles.
Um dia apareceu
lá um belo espadarte que usava o seu espadim para fazer música abanando-a como
uma batuta na água. Ele foi ter com o dragão-marinho e disse que conseguia
resolver o problema se em troca lhe pagassem com um saco de pérolas da lua. O
governador de Hamelin aceitou o negócio e o espadarte pôs logo o espadim à
obra.
Subiu para o topo
do recife e começou a tocar a sua batuta mágica e os peixes-aranha começaram a
segui-lo. Conduziu-os até uma gruta onde estava uma grande raia esfomeada, que
os engoliu a todos.
Depois o
espadarte regressou a Hamelin para receber o seu pagamento mas o avarento
governador deu-lhe um saco cheio de areia. Zangado, o espadarte foi de novo
para o topo do recife e começou a tocar uma nova melodia com o seu espadim.
De repente, todos
os cavalinhos-marinhos, todas as crianças daquela aldeia começaram a segui-lo e
ele conduziu-os até a gruta da raia. Mas a raia estava demasiado cheia para os
comer a todos e eles começaram a limpá-la dos parasitas e a brincar na sua
gruta e então ele decidiu contar-lhes uma história. Os cavalinhos-marinhos
gostaram tanto daquele contador de histórias que foram muito felizes naquela
gruta.
Entretanto, na
aldeia de Hamelin reinava a tristeza por já não haver crianças para espalhar
alegria.
Zangados, os cavalos-marinhos
decidiram castigar o governador dragão-marinho e montaram-lhe uma armadilha
levando-o para um lugar onde diziam que havia um grande tesouro. Quando ele lá
chegou foi colhido nas redes de uns biólogos que o levaram para o Oceanário,
onde ele, muito arrependido, passou o resto dos seus dias a maravilhar as
crianças que passavam pelo seu tanque e a contribuir para que as novas gerações
se apaixonassem pelo mar e se dedicassem a preservá-lo.
Quanto ao
espadarte mágico, continuou as suas viagens pelo mar-alto e encantou muitos peixes
e cetáceos e crustáceos e cefalópodes com a sua música oceânica.
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A Bela Apodrecida
Era uma vez um casal de laranjeiras que queria muito ter um filho e finalmente um dia foram prendados com uma lindíssima laranja. Ela era tão bonita que a batizaram de Bela e organizaram uma grande festa para celebrar o seu nascimento. Convidaram todo o reino incluindo as fadas Cenoura, Pêra e Ananás.
No meio das festividades apareceu de rompante numa nuvem negra a cruel Fada Malévola Beringela a fazer uma grande birra por não ter sido convidada para a festa.
Zangada, lançou contra a Bela um feitiço: quando chegassse aos 16 anos iria picar-se numa rosa e ficar durante 100 anos apodrecida!
As boas fadas Cenoura, Pêra e Ananás depressa levaram a Bela para um local seguro: um alto, fresco e alvo.... frigorífico. E lá ficou a Bela até aos seus 16 anos. E como nada aconteceu no seu aniversário as fadas acharam que o feitiço não tinha funcionado e então levaram-na de volta à árvore para celebrar. Não contavam que aparecesse na festa a Malévola Beringela com um perigoso sorriso nos lábios e uma rosa lindíssima na mão. A Bela não sabia quem ela era e antes que alguém pudesse avisá-la, pegou na rosa e claro, picou-se.
A Malévola Beringela achou que devia também apodrecer todo o reino e assim o fez. E lá ficaram, todos podres, durante quase cem anos.
Até que apareceu vindo da Madeira o galante Príncipe Banana. Atravessou toda aquela podridão e quando deparou com a Bela Apodrecida ficou maravilhado e tão encantado que se descascou e deu-lhe um beijo.
Nesse momento todo o reino desapodreceu e ficaram todos muito felizes e fizeram uma grande festa no frigorífico. Descascaram-se todos, fizeram-se em pedaços e juntaram-se para fazer uma bela salada de frutas! Mas como nenhuma refeição vive apenas da sobremesa cozinhou-se também uma saborosa beringela recheada com tomate, queijo e oregãos!
O Soldado e a Ervilha
Era uma vez um reino chamado Ervilholândia. Nesse reino vivia uma rapariga muito triste pois o seu noivo tinha ido para a guerra. Passaram-se dias e semanas e meses e anos até que um dia bateu à sua porta um soldado vestido de farrapos, com a barba comprida e desarrumada e o cabelo longo e muito sujo. Dizia que era o seu noivo, mas ela não o reconheceu.
Lembrou-se que o seu querido noivo era o único Ervilhense que não gostava de ervilhas e então preparou um teste: convidou ambas as famílias e fez três panelões de sopa verde: uma de espargos, outra de alho francês e um caldo verde. No caldo verde do soldado escondeu uma única ervilha.
O soldado comeu com gosto e para grande surpresa de todos, no final aproximou-se da rapariga brandindo a colher onde estava a ervilha e disse: "E agora, já acreditas que sou eu?"
Como já estavam todo reunidos celebraram ali mesmo o casamento e no final, em vez de atirar para cima dos noivos pétalas de rosa e arroz lançaram..... ervilhas!!!!!
Lembrou-se que o seu querido noivo era o único Ervilhense que não gostava de ervilhas e então preparou um teste: convidou ambas as famílias e fez três panelões de sopa verde: uma de espargos, outra de alho francês e um caldo verde. No caldo verde do soldado escondeu uma única ervilha.
O soldado comeu com gosto e para grande surpresa de todos, no final aproximou-se da rapariga brandindo a colher onde estava a ervilha e disse: "E agora, já acreditas que sou eu?"
Como já estavam todo reunidos celebraram ali mesmo o casamento e no final, em vez de atirar para cima dos noivos pétalas de rosa e arroz lançaram..... ervilhas!!!!!
O Espadarte de
Hamelin (Gatafunho Loja de Livros - 29 de Junho de 2014)
Era uma vez uma
linda cidade submarina chamada Hamelin que era povoada por cidadãos
cavalos-marinhos.
Certo dia Hamelin
foi invadida por uma praga de peixe-aranha. Eram tantos, tantos que os cavalos-marinhos
não sabiam o que fazer, e o governador dragão-marinho esgotou todas as soluções
propostas pelos seus conselheiros para se livrar deles.
Um dia apareceu
lá um belo espadarte que usava o seu espadim para fazer música abanando-a como
uma batuta na água. Ele foi ter com o dragão-marinho e disse que conseguia
resolver o problema se em troca lhe pagassem com um saco de pérolas da lua. O
governador de Hamelin aceitou o negócio e o espadarte pôs logo o espadim à
obra.
Subiu para o topo
do recife e começou a tocar a sua batuta mágica e os peixes-aranha começaram a
segui-lo. Conduziu-os até uma gruta onde estava uma grande raia esfomeada, que
os engoliu a todos.
Depois o
espadarte regressou a Hamelin para receber o seu pagamento mas o avarento
governador deu-lhe um saco cheio de areia. Zangado, o espadarte foi de novo
para o topo do recife e começou a tocar uma nova melodia com o seu espadim.
De repente, todos
os cavalinhos-marinhos, todas as crianças daquela aldeia começaram a segui-lo e
ele conduziu-os até a gruta da raia. Mas a raia estava demasiado cheia para os
comer a todos e eles começaram a limpá-la dos parasitas e a brincar na sua
gruta e então ele decidiu contar-lhes uma história. Os cavalinhos-marinhos
gostaram tanto daquele contador de histórias que foram muito felizes naquela
gruta.
Entretanto, na
aldeia de Hamelin reinava a tristeza por já não haver crianças para espalhar
alegria.
Zangados, os cavalos-marinhos
decidiram castigar o governador dragão-marinho e montaram-lhe uma armadilha
levando-o para um lugar onde diziam que havia um grande tesouro. Quando ele lá
chegou foi colhido nas redes de uns biólogos que o levaram para o Oceanário,
onde ele, muito arrependido, passou o resto dos seus dias a maravilhar as
crianças que passavam pelo seu tanque e a contribuir para que as novas gerações
se apaixonassem pelo mar e se dedicassem a preservá-lo.
Quanto ao
espadarte mágico, continuou as suas viagens pelo mar-alto e encantou muitos peixes
e cetáceos e crustáceos e cefalópodes com a sua música oceânica.
Um trio de contos da Oficina Piloto no Porto (2013'11'09)
A menina que queria ser Sereia ou A pequena menina
Era uma vez uma menina que queria ser uma sereia. Sempre que
ía mergulhar procurava coisas de sereia para levar para a sua coleção: colares
de algas, conchas e corais.
Ela queria ser uma sereia porque uma vez que tinha ido à
praia encontrou um belo sereio deitado na areia e apaixonou-se. Para se poder
transformar decidiu ir pedir ajuda à bruxa da terra. A bruxa deu-lhe uma poção.
A pequena menina foi até à praia e mal chegou perto do mar bebeu a poção e transformou-se
numa sereia. Só que o sereio já se tinha casado com outra. A sereia ficou muito
triste e queria voltar a ser uma menina mas quando chegou à praia
transformou-se em areia.
Os três passarinhos (os três cabritinhos)
Era uma vez três passarinhos que viviam com a sua mãe no
ninho. Um dia a mãe saiu e os três passarinhos ficaram no ninho. Um gato que os
queria comer disfarçou-se de pássaro. O gato foi todo contente até ao ninho mas
os passarinhos não o deixaram entrar. Entretanto a mãe chegou e, quando viu o
gato, deu-lhe com a pata na cabeça e disse:
- Nunca mais voltes a tratar mal os meus filhinhos, ouviste?
E viveram felizes para sempre
O lenhador verdinho ( capuchinho vermelho)
Era uma vez um rei que tinha um filho lenhador. O lenhador
usava sempre uma camisola verde cor da relva e das plantas. Certo dia o rei
mandou o lenhador dar bolinhos ao seu cavalo. Pelo caminho o lenhador encontrou
uma princesa má. A princesa disse: -“ó lenhador vai por ali que é mais perto”,
e o lenhador pôs-se logo a andar. Quando chegou perto do cavalo a princesa já
lá estava e tinha atacado o cavalo. Depois ela atacou o lenhador mas,
entretanto chegou o Porco que deu um …e deram um grande salto! A princesa bateu
com a cabeça e adormeceu. Enquanto ela dormia o porco abriu-lhe a barriga e
encheu-a com várias camisolas verdes. Ela morreu e tudo ficou bem.
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O Macaquinho Vermelho pelo Trio Mimo
"Era uma vez um macaquinho cuja avó lhe oferecia sempre frutos vermelhos e por isso ele era vermelho.
Mas ele queria ser cor-de-laranja como os outros macacos e então a mãe disse que ele devia ir buscar umas bananas duma bananeira na orla da selva. Se ele comesse bananas amarelas talvez ficasse mais alaranjado.
Quando o macaquinho estava prestes a sair da palmeira que era a sua casa a mãe avisou que ele não devia ir pelo chão mas sim pela copa das árvores pois assim não corria o risco de encontrar um escorpião. O macaquinho concordou e começou a trepar de ramo em ramo em direcção à bananeira.
A meio do caminho olhou para o chão e viu umas pedras afiadas e pensou: isso pode dar-me jeito para cortar o cacho de bananas da bananeira e desceu. Escolheu a pedra mais afiada e quando pegou nela apanhou um valente susto: debaixo da pedra estava um escorpião que lhe disse: "Agora vou-te picar e comer!". O macaquinho recompôs-se do susto e tentou argumentar com o escorpião dizendo que ele ia comer bananas e ficar mais gordinho e saboroso e que o escorpião podia apanhá-lo na volta. O escorpião concordou e o macaquinho despachou-se a ir buscar as bananas e depois usou a sua cauda como liana passando por cima do escorpião a uma distância bem segura dizendo: "Adeus!" e voltou para casa pela copa das árvores exactamente como a mãe tinha dito que ele devia fazer!"
E vitória, vitória, assim termina a história (re)criada pela equipa Trio Mimo que tirou à sorte a pedrinha do Capuchinho Vermelho e assim mudou o nome ao conto!
Mas ele queria ser cor-de-laranja como os outros macacos e então a mãe disse que ele devia ir buscar umas bananas duma bananeira na orla da selva. Se ele comesse bananas amarelas talvez ficasse mais alaranjado.
Quando o macaquinho estava prestes a sair da palmeira que era a sua casa a mãe avisou que ele não devia ir pelo chão mas sim pela copa das árvores pois assim não corria o risco de encontrar um escorpião. O macaquinho concordou e começou a trepar de ramo em ramo em direcção à bananeira.
A meio do caminho olhou para o chão e viu umas pedras afiadas e pensou: isso pode dar-me jeito para cortar o cacho de bananas da bananeira e desceu. Escolheu a pedra mais afiada e quando pegou nela apanhou um valente susto: debaixo da pedra estava um escorpião que lhe disse: "Agora vou-te picar e comer!". O macaquinho recompôs-se do susto e tentou argumentar com o escorpião dizendo que ele ia comer bananas e ficar mais gordinho e saboroso e que o escorpião podia apanhá-lo na volta. O escorpião concordou e o macaquinho despachou-se a ir buscar as bananas e depois usou a sua cauda como liana passando por cima do escorpião a uma distância bem segura dizendo: "Adeus!" e voltou para casa pela copa das árvores exactamente como a mãe tinha dito que ele devia fazer!"
E vitória, vitória, assim termina a história (re)criada pela equipa Trio Mimo que tirou à sorte a pedrinha do Capuchinho Vermelho e assim mudou o nome ao conto!
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Quando falei nesta oficina à Luísa Rebelo não estava à espera que a mera sugestão iria inspirá-la! Aqui vão dois contos que ela (re)escreveu:
A História da Galinha(inha)
Luísa Rebelo
Era
uma vez uma galinha que andava a arrumar
a casa. E quando estava a varrer encontrou uma
moeda.
Como era muito vaidosa, foi logo comprar fitas de várias cores para se enfeitar
e depois pôs-se à janela a cacarejar:
-Cá cá cárá cá! Quem quer casar
com a galinha que é formosa e bonitinha?
-Quero eu, quero eu disse um
burro que ia a passar.
-O que é que tu comes? -
perguntou a galinha. - Sim, porque eu não vou casar assim sem mais nem menos
com o primeiro que me aparece...
-Como palha - respondeu o burro.
-Que horror! Comer palha... palha
só serve para pôr no chão, ou para encher colchões! Vai-te embora, não te quero!
O
burro foi-se embora de orelha murcha e a galinha continuou a cacarejar:
-Cá cá cárácácá! Quem quer casar com a galinha que é formosa e
bonitinha?
-Quero eu, quero eu! disse um gato que ia a
passar.
-E o que é que tu comes? -
perguntou a galinha.
-Eu como sardinhas ou carapaus,
se os conseguir apanhar, claro ... - disse o gato.
-Que horror! Só de pensar em
carapaus ou sardinhas parece que já estou a sentir o cheiro a peixe, que enjôo!
Vai-te embora, vai-te embora!
O
gato foi-se embora de orelha murcha e a galinha continuou a cacarejar à janela:
-Quem quer casar com a galinha
que é formosa e bonitinha?
-Quero eu, quero eu! - disse um
rato que ia a passar.
-E o que é que tu comes?
-Como.... bem para dizer a
verdade, eu não sou esquisito, como tudo o que consigo apanhar...
-Que nojo! Que pessoa tão sem
requinte! Comes tudo o que conseguires apanhar... Deus me livre! Não te quero,
vai-te embora depressa!- disse a galinha.
O
pobre do rato lá se foi embora de orelha murcha e a galinha continuou a
cacarejar:
-Quem quer casar com a galinha
que é formosa e bonitinha?
-Quero eu, quero eu! - disse um
cão que ia a passar. Por acaso um cão grande.
-Sim? És bem bonito... e o que é
que tu comes?
-Como carne e principalmente,
adoro salsichas....
-Ah, salsichas.... és muito
fino! Com que então salsichas? Por acaso nunca provei, mas já tenho ouvido
falar.... Ora entra lá aqui na minha casa para conversarmos um bocadinho.
E
o cão entrou.
-Diz-me lá, queres então casar
comigo? Vamos marcar o casamento? Vou já
encomendar salsichas para a festa ....- disse ela muito dengosa.
E o cão aproximou-se
da galinha, pôs-se a cheirá-la, a cheirá-la e disse, já de cabeça perdida:
-Olha minha linda, tens um
cheirinho tão bom que eu não aguento, deixa lá as salsichas que eu contento-me
com galinha!
Deu
um salto, abriu a boca e comeu-a toda inteirinha de uma vez só.
O Pintassilguinho Feio
Luísa Rebelo
Era
uma vez outra galinha que ficou choca e a dona pôs-lhe para ela chocar, junto
com os ovos dela, um ovinho de pintassilgo (aliás de pintassilga que é um
pássaro pequenino que canta muito bem e que ela tinha encontrado num bosque num
ninho caído no chão, talvez derrubado pelo vento...).
Ao
fim de poucos dias, bastante menos que os 22 dias que levam a nascer os ovos de
galinha, nasceu o pequenino pintassilgo.
A
galinha achou aquele filho tão feiinho, quase sem penas, tão minúsculo e que
mal se aguentava nas perninhas que mal se viam, uma coisa miserável, sem jeito
nenhum mas, enfim, já que era seu filho (julgava ela), lá foi tratando dele e
dando-lhe umas sementinhas de comer. Estava convencida de que ele era tão
enfezado por se ter apressado a nascer mais cedo ....
Quando
os pintaínhos nasceram foi uma grande alegria para a mãe galinha, aquilo sim, é
que eram filhos bonitos que até dava gosto ver!
Mas
o filho mais velho, o pintassilgo, crescia muito mais depressa que os
pintaínhos e daí a um mês já estava quase do tamanho dos pintaínhos enfim...
não bem do tamanho, mas já se aproximava...
Mas
chegou a certa altura e já não cresceu mais. E os pintaínhos cresciam mais
devagar, mas continuavam a crescer e estavam cada vez maiores.
A
verdade é que todos faziam troça daquele filho mais velho da galinha e o pobre
pintassilgo não tinha ninguém com quem brincar, andava muito triste.
Até
que um dia, já cheio de lindas penas e com as asinhas fortes, levantou vôo e
começou a voar por cima da mãe galinha e dos irmãos que ficaram todos muito
espantados.
E
o pintassilgo, muito contente, voava e volteava e cantava com uma linda voz!
-Ai
meninos, - dizia então a mãe galinha toda orgulhosa - quem havia dizer que o
vosso irmão mais velho voava tão bem? Que coisa maravilhosa! Já tem o futuro
garantido, vai para a aviação! E para a ópera! Com esta linda voz pode ir para
a ópera! Tem tão belas qualidades este meu filho mais velho, vê-se logo que sai
à mãe!
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